We're an American Band

Paraiso indie e' o Avalon, em Boston. O Beco do primeiro mundo: nao se pode fumar, o ar e' condicionado, decoracao impecavel e um caixa eletronico no hall - e o cardapio conta com drinks muito mais elaborados que mojitos. Ontem a noite, Why? e Yo La Tengo. Why?, devo dizer, me fez querer vomitar. Ficar no mesmo ambiente no qual um vocalista de calcas de veludo justas e cabelo estilo Tito grita doentilmente tentando ser mais forte que a guitarra foi quase impossivel. Claro que Little Honda nos proximos minutos acalmou-me (quem alguma vez ja falou comigo sobre musica sabe da minha profunda admiracao pelos carinhas do YLT). Cantei, cantei, cantei; ate' a pose de rebel rocker do Ira me agradou - nem um pouco parcial, a menina -, e nem achei inapropriado arrebentar as cordas da guitarra cor-de-rosa purpurinada (vide foto).
E eu, boa tiete que sou, gravei algumas musicas do show e pus no YouTube. Note o cenario hype.

P.S.: Agradeco aos meus amigos judeus por fazerem de segunda-feira um feriado.

Newbury street, Boston

Foi a minha noite, ontem. A rua, mesmo repleta de lojas como Giorgio Armani e Gucci, consegue ser bastante agradavel. Pequenos cafes e bistros completam a cena com arvores que sao, na verdade, verdadeiras casas de esquilos.
O ponto alto, porem, nao teve nada a ver com o clima Ally McBeal/Bostonian da noite. Explico. Voltando pro suburbio, meu amigo J. disse: "quer dirigir?". Oh, por que nao? No suburbio ha' dezenas de ruas onde o movimento acaba 'as oito. Ah, delicia dirigir uma Mercedez nas estradinhas cercadas por bosques. Delicia tambem uma noite divertida depois de tanto tedio; entendo agora porque as pessoas passam tanto tempo na escola, aqui. Ah, sim. Sou Perdita, filha de Leontes e Hermione, na peca da escola - Winter's Tale, Shakeaspere -, main part. Hohoho. Da-lhe terceiro mundo.

CONNOReezza Rice

Pobre do Connor. E' a piada da aula de Literatura.

A escola tem um 'otimo grupo de teatro, com 'otimos atores e um excelente professor/diretor; eu, sem hesitar, inscrevi-me para os testes de elenco, que acontecerao dia 19 e 20. A peca sera "Winter's Tale". Shakeaspere.
Nunca fiz algo parecido com isso, e quase me desesperei ao folhar o livro e me deparar com tantos vocabulos totalmente desconhecidos. Mas um Workshop de Atuacao em Shakeaspere apareceu em boa hora - e tendo nada a ver com a historia. Um ex-aluno da Weston High deciciu oferece-lo, nesse sabado, durante todo o dia. Recebi um monologo pra familiarizar-me, e, por mais obvio que pareca, minha primeira frase e' "To be or not to be: That is the question". Muito bem, preparo-me, pois, e me concentro mais nisso do que em qualquer outra coisa - me dei conta ontem 'a noite que a escola e' apenas parte da minha estada aqui. Viver envolve muito mais do que isso.
Por isso, compro. Tem uma loja muito legal em Framingham, que se chama Hot Topic, e tem roupas baratissimas pra um shopping, e e' algo semelhante a um Mix Bazaar gringo.
Alias, gringo e' escasso por aqui - na minha escola ha' quatro brasileiras; a empregada de um amigo e' brasileira; essa cidade, Framingham, e' repleta de brasileiros (a escola da cidade tem 96% de alunos brasileiros, professores brasileiros e, pasmem, livros brasileiros).

Pela manha, eu e o Pierre ( o carinha frances) demos uma entrevista a um jornal local. Passo uma tarde agradavel com os Juniors, jogando frisbee e duckduckgoose - ate lembrei daquele episodio dos Simpsons no qual a Marge faz uma festa de aniversario pro Bart e o Ralph Wiggum fica falando "duck" por dois dias.
Volta pela cidade, parque com brownies e, a noite, pizza. SO american.

Escutem a Radio Virtual Pato Erudito. Melhor programa para um domingo 'a noite.

High School.

Sou um Senior, a classe mais respeitada na High School (tenho, inclusive, o meu proprio Freshman!), mas isso nao torna, teoricamente, o processo de fazer amigos mais facil, a nao ser com os mais novos, mas nao tenho muitas cadeiras com pessoas de outras series. Nao que eu nao tenha amigos: conheco pessoas, ando com pessoas e, ao contrario do menino frances, que nao consegue dizer uma palavra sem gaguejar, tenho certa facilidade para travar conversas com as pessoas. Mas a fase ainda nao 'e de confianca mutua, e isso me deixa levemente desconfortavel; as pessoas sao simpaticas e atenciosas comigo, mas nao sei ate onde 'e so' boa vontade (nao foi menos de tres vezes que, ao me ver contando moedas concentradamente diante as vending machines, um total estranho se ofereceu para pagar meu lanche, deixando-me numa situacao totalmente constrangedora. Ora!, eu nao sei contar dolares, mas isso nao significa que eu nao tenha dinheiro para um cookie! Ou, se eu sou brasileira e a moeda do meu pais vale muito menos que o dolar, nao significa que eu nao tenha dinheiro pra um suco de ma'ca! Ou, ainda, se eu nao tivesse dinheiro, nao significa que alguem precise me emprestar.
A cultura americana me irrita, na maioria das vezes. Ouvir que os Estados Unidos 'e o melhor pais para se viver, o pais mais integro, o pais mais responsavel, mais desenvolvido economicamente E INTELECTUALMENTE, que os americanos sao o povo mais correto, e outras xenofobias do tipo em duas a cada tres aulas 'e sofrego. Nao sei se devo responder a esse tipo de coisa, mas tenho o feito, de forma bastante sutil. Nao surte muito efeito, e, mesmo assim, as pessoas se ofendem e histerizam-se. Afastam-se, talvez.

Crio esse blog e ponho-o a disposicao de todos os que quiserem le-lo sem julga-lo. Ele traz minhas impressoes sobre o mundo fora da Provincia e fora do pais. Oficialmente ativo.